Setembro Amarelo: por que precisamos falar sobre o suicídio?

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um suicídio acontece a cada 40 segundos no mundo. Os números são preocupantes e nos mostram a importância de falar sobre o tema. Por isso, este mês é dedicado a prevenção e conscientização da população sobre esse problema e as formas de evitá-lo. A campanha Setembro Amarelo vem de encontro ao Dia Mundial para Prevenção do Suicídio (10/09).

“A campanha é uma das formas de se ter um marco social, para que haja esse olhar para as pessoas que estão em sofrimento”, esclarece a psicóloga e especialista Psicologia Clínica, Elisienia Cardoso de Souza Frasson Fragnani (CRP 12/02121). Segundo a profissional, ainda há muito receio em falar sobre o suicídio, mas é preciso dialogar sobre. “No Brasil, em média, 32 pessoas por dia cometem suicídio e, segundo a Organização Mundial de Saúde, 1 milhão de pessoas por ano, sendo a quarta causa de morte entre adultos e jovens adolescentes.  É um tema que tem de ser abordado o ano todo, não só em setembro”, pontua.

Como surgiu a campanha Setembro Amarelo?

Elisienia Fragnani: Esse marco vem de uma história real de suicídio. Um garoto americano tirou sua vida em seu carro amarelo e seus pais e amigos em seu funeral distribuíram cartões e fitas amarelas com mensagens de apoio para pessoas que estavam enfrentando o mesmo problema.

O que leva uma pessoa a ter pensamentos suicida?

Elisienia Fragnani: Essa pergunta nos remete as causas do suicídio. Sabe-se que há fatores emocionais, psiquiátricos, ambientais, religiosos e socioculturais, presentes principalmente nas patologias de estados depressivos e outros quadros de sofrimento psíquico. Cabe lembrar também, que a ideação suicida não começa com a vontade de tirar a própria vida, mas de eliminar uma dor, diminuir um nível de sofrimento extremamente grande. A ideação propriamente é quando a pessoa começa a pensar e posteriormente a fazer planos de como cometer seu suicídio.

 

Como identificar se alguém precisa de ajuda?

Elisienia Fragnani: Ficando alerta as rotinas dessa pessoa e a forma como ela está se comportando. Os sinais em geral estão relacionados a diminuição do autocuidado, como deixar de se alimentar, questões relacionadas a higiene, um isolamento muito grande (a pessoa reduz o contato com a família, com amigos, ficando muito tempo sozinha), tristeza excessiva, mudanças repentinas de humor, uma pessoa mais extrovertida que fica menos extrovertida.

Nos adolescentes, por exemplo, você observa a irritabilidade maior e a automutilação, que nos jovens não necessariamente é uma ideação suicida, mas é uma manifestação de sofrimento psíquico. Pode vir acompanhado de um abuso maior de drogas líticas e ilícitas.

Há verbalizações que demonstram falta de esperança e de sentimento inadequado de si no âmbito social. Falas como: “Dou muito trabalho para vocês”, “eu não posso fazer nada”, “eu sou um perdedor e um peso para os outros”, “gostaria de desaparecer”, entre outras.

Como podemos mudar o cenário do suicídio?

Elisienia Fragnani: A escuta e a não desqualificação do que a pessoa sente é uma atitude positiva. Pois quando a pessoa se coloca de forma empática junto a quem está sofrendo, esse comportamento mostra o quanto nos importamos com aquele que sofre. Damos condição à essa pessoa de perceber “o quanto a vida dela é significativa”.

Demais  fatores protetivos ao longo do curso do desenvolvimento das pessoas são: a qualidade da dinâmica familiar desde a primeira infância, as estratégias de enfrentamento que aprende-se ao longo dos anos com a família, escola, interações sociais de como lidar com as dificuldades que estão presentes no curso de vida de ser “ser humano” e o fortalecimento da auto estima independente da fase em que a pessoa se encontre.

Em específico na pandemia, pode-se agravar, os estados de sofrimento mental. E, possibilitar o ato do cometer o suicídio. É importante que todos estejam atentos aos sinais e criar estratégias de buscar um contato maior com essas pessoas, diminuindo o isolamento social, desde que com segurança.

De uma perspectiva social maior, políticas educativas que se promova espaços de diálogos preventivos sobre o suicídio em instituições formais e informais presentes na sociedade. Hoje podemos contar com o CVV – Centro de Valorização da Vida, que presta um serviço de apoio emocional e prevenção ao suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que precisam conversar, sob total sigilo, 24 horas por todos os dias.  Por telefone pelo número 188, email e chat, no site cvv.org.br

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